A Entrevista ufologica mais importante do Brasil


A seguir, em mais uma justa homenagem
a Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, sua entrevista na íntegra.

Ufo — Coronel, o senhor é o primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende uma entrevista como essa. Quais são as razões para isso?
Hollanda — Em 1977, quando ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época, porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.

Ufo — Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato esse tempo todo?
Hollanda — Eu não podia falar. E também não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt [Autor do livro Perigo Alienígena no Brasil, código LV-14 da Biblioteca Ufo]. Conversamos muito em off. Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países, mas nunca falei nada a respeito.

Ufo — O senhor se reformou da FAB em 1992. Não passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?
Hollanda — Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dito alguma coisa sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí a história se acaba…

Ufo — Por ter procurado a Revista Ufo para dar essas declarações, quer dizer que confia que ela irá fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?
Hollanda — No fim dos anos 80, começo dos 90, estive conversando com você [Dirigindo-se a Gevaerd] e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação na época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua seriedade, da Revista Ufo e de seus demais membros, hoje sinto mais tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar suas vendas.

Ufo — Obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?
Hollanda — Em 1952 eu tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém (PA), quando apareceram uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida extraterrena e na possibilidade de “eles” terem a curiosidade de nos observar. Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar interesse de extraterrenos.

Ufo — O senhor chegou a se engajar na Aeronáutica por causa de seu interesse pela vida fora da Terra?
Hollanda — Não. Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado, que combatia aos movimentos subversivos durante a efervescência e após a Revolução de 64. Batalhávamos contra as ações de terroristas e de partidos comunistas que tentavam se infiltrar no país.

Ufo — Consta em seu currículo também uma função bastante interessante, como chefe do Serviço de Operações Especiais de Selva. O senhor deve ter muitas experiências para contar.
Hollanda — Sim. A FAB tinha como projeto fazer um “colar de fronteiras”. Era idéia do inteligentíssimo brigadeiro João Camarão Teles Ribeiro, que tinha muito conhecimento da Amazônia. Ele queria formar pontos-chave por todas as fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km ao lado de missões religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá agrupamentos que dessem assistência aos índios. A FAB daria suporte a tudo isso. Eu trabalhei nessa operação como pára-quedista, pois gostava muito desse tipo de atividade.

Ufo — O senhor efetuou muitas missões na selva? E apareciam muitos índios?
Hollanda — Eram muitas tribos indígenas, com muitos de seus componentes abrindo áreas na mata para construção de campos. Alguns eram aculturados, outros não. Mas a gente sempre trabalhava em algumas missões em contato com eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre estavam em alta [Parasar significa Parachute Search and Rescue, termo em inglês para Pára-quedismo e Salvamento]. Eu era um pára-quedista responsável por ações de busca e salvamento na selva.

Ufo — Durante essa época, o senhor tomou conhecimento de algum tipo de descoberta relacionada à arqueologia ou alguma observação feita por militares na Amazônia, ligada a esse tipo de programa?
Hollanda — Sim, alguns colegas tiveram experiências do gênero, principalmente um amigo meu, que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou surpreso ao ver uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do nada. Parece que ali tinha existido algum núcleo de uma civilização muito antiga e que fora abandonada, tendo a selva tomado conta de tudo. Mas havia uma formação piramidal nítida, com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar exatamente onde. Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me foi relatado pelo coronel Valério.

Ufo — Coronel, agora que sabemos bastante sobre sua atividade na FAB, vamos falar de Ufologia. Qual foi sua primeira participação na pesquisa ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a Operação Prato ou já havia alguma coisa antes disso?
Hollanda — Não, de minha parte não. Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas que envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não tinha nada a ver com UFOs ou seres extraterrestres. Mas eu já tinha conhecimento de alguns casos acontecendo na Amazônia.

Ufo — Esses casos atraíam, de alguma maneira, interesse ou preocupação por parte das Forças Armadas, como se fossem uma ameaça externa à soberania nacional?
Hollanda — Não eram vistos como ameaça externa. Os UFOs eram encarados mais como um fenômeno duvidoso. Alguns oficiais – talvez até a maioria deles – viam os UFOs como uma coisa improvável e faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte essa Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o comandante do 1º COMAR, brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, na época, tinha muito interesse nisso e acreditava em objetos voadores não identificados. Se não...

Ufo — Como surgiu a idéia da Operação Prato? Foi um projeto seu, do comandante do 1º COMAR ou uma coisa do Governo?
Hollanda — Eu não estava em Belém nessa época. Embora estivesse servindo na cidade, fazia um curso em Brasília. Mas, quando retornei, apresentei-me ao chefe da Segunda Seção do 1º COMAR, o coronel Camilo Ferraz de Barros, e ele me perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi meio de surpresa. Eu nem sabia que estava ocorrendo uma pesquisa sobre o assunto. Quando respondi que sim, ele falou: “Então você está designado para este caso”. E me deu uma pasta com o material. Era o início da operação, da qual eu ficaria encarregado, embora nem nome ainda tivesse.

Ufo — De onde veio a idéia de a operação se chamar Prato?
Hollanda — Essa idéia foi minha. Dei esse nome porque o Brasil é o único país no mundo que chama UFO de disco voador. Em francês é soucoupe volante, que significa pires. Os portugueses o chamam de prato voador. Na Espanha é platillo volador, e platillo é prato também. Enfim, até em russo se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como nas Forças Armadas a gente nomeia algumas operações com uma espécie de código, esse caso não podia ser exceção, ainda que não pudesse ser identificado o objetivo da operação. Por exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador. Por isso, ficou Operação Prato.

Ufo — Se o senhor recebeu uma pasta de seu chefe, então quer dizer que já estava em andamento alguma investigação a respeito?
Hollanda — Sim, quando eu cheguei de Brasília já havia agentes sendo enviados para investigar as ocorrências de objetos voadores não identificados, porque essa coisa já estava acontecendo há muito tempo na região de Colares, que é uma ilha pertencente ao município de Vigia, no litoral do Pará. O prefeito da cidade mandou um ofício para o comandante do 1º COMAR avisando que os UFOs estavam incomodando muito os pescadores. Alguns deles não conseguiam mais exercer sua atividade, pois os objetos sobrevoavam suas embarcações. Às vezes, certos UFOs até mergulhavam ao lado delas, nos rios e mares, e a população local passava a noite em claro. As pessoas acendiam fogueiras e soltavam fogos para tentar afugentar os invasores. Foi o pavor que fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do 1º COMAR solicitando providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse investigar as ocorrências.

Ufo — Em algum momento houve a participação ou instruções do comando da Aeronáutica, em Brasília, para que a situação fosse averiguada?
Hollanda — Na época, eu não participava das discussões. Era apenas um capitão e recebia ordens somente. Eu não fiz parte desse trâmite e não sei como as decisões foram tomadas ao certo. Mas, pelo pouco que sei, a decisão foi do comando do 1º COMAR. Se houve envolvimento de Brasília, não tomei conhecimento…

Ufo — Como é que o senhor estruturou a Operação Prato? Quantas divisões, pessoas ou missões teriam que ser empreendidas? Enfim, como o senhor organizou todas as tarefas?
Hollanda — Bem, nós éramos uma equipe, e eu era o chefe dela. Tínhamos cinco agentes, todos sargentos, que trabalhavam na segunda seção do 1º COMAR. Além disso, tínhamos informantes aos montes, gente nos locais de aparição das luzes, em campo, que nos ajudava. Às vezes eu dividia a equipe em duas ou três posições de observação diferentes na mata. Claro que ficávamos constantemente em contato uns com os outros, através de rádio.

Ufo — Qual era o objetivo imediato da Operação Prato? Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?
Hollanda — Olha, eu queria mesmo é tirar a prova dessa coisa toda. Queria botar isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidavam com nomes populares, tais como chupa-chupa. E a FAB precisava saber o que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo brasileiro. Era nossa a responsabilidade de averiguar. Mas, no início da Operação Prato, eu queria mesmo era uma confirmação do que estava acontecendo.

Ufo — O que motivou a população local a chamar as luzes de chupa-chupa?
Hollanda — Havia uma série de relatos de pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz. Todas julgavam que o efeito sugava-lhes o sangue. E realmente! Verificamos alguns casos e descobrimos que várias delas, principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma mancha marrom. Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas tinham o sangue sugado, em pequena quantidade, por aquelas luzes. Por isso passaram a apelidá-los de chupa-chupa ou apenas chupa. Era sempre a mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém, geralmente uma mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram homens que ficavam com marcas nos braços e nas pernas. Na verdade, a cada dez casos, eram mais ou menos oito mulheres e dois homens.

Ufo — E vocês documentaram as marcas verificadas nas pessoas?
Hollanda — Sim, foi tudo visto e analisado por médicos, que às vezes iam conosco aos locais. Sinceramente, eu entrei nessa como advogado do diabo. Queria mesmo era desmistificar essa história e dizer ao meu comandante que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei lá. Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era extraterrestre...

Ufo — O senhor imaginava que fosse o que, então, aquilo que estava sendo visto e até atacando as pessoas?
Hollanda — Não sei bem. Talvez a plumagem de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra coisa dessa natureza. Até acreditava em extraterrestres, mas não que as pessoas os estivessem vendo. E eu fui para lá verificar se era realmente isso. Passei pelo menos dois meses respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões, que nada havíamos descoberto. Eram os primeiros dois meses da Operação Prato, nos quais nada vi que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana no mato e voltava apenas no domingo, para conviver um pouquinho com a família. A cada retorno, meu comandante perguntava: “Viu alguma coisa?” E eu sempre respondia: “Vi luzes estranhas, mas nada extraterrestre”. De fato, víamos luzes que piscavam, que passavam à baixa altitude, mas nada muito estranho.

Ufo — Isso era durante a noite. E o que acontecia de dia? Vocês tinham alguma outra atividade incorporada à Operação Prato?
Hollanda — Sim, tínhamos outras coisas a fazer, que eram parte dos objetivos da operação. Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram experiências, preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares quentes para fazer vigílias. Quando descobríamos que algo aparecera em tal lugar, para lá nos deslocávamos. Fazíamos um levantamento da situação, e sempre cadastrávamos os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.

Ufo — Que procedimentos ou metodologia eram utilizados na coleta de informações?
Hollanda — Sempre colocávamos o nome da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu, horário etc. Fazíamos uma descrição de cada fato ocorrido. Assim, se acontecessem três casos numa noite, ouvíamos três testemunhas. Algumas das descrições eram comuns, outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de coisas que não podíamos comprovar a autenticidade, como desmaterialização de paredes inteiras ou de telhados, por exemplo.

Ufo — O senhor tem algum caso para ilustrar esse tipo de ocorrência?
Hollanda — Sim. A primeira senhora que entrevistei em Colares, por exemplo, me disse coisas absurdas. Tínhamos saído de helicóptero de Belém só para ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo chupa-chupa. Vi que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom, como se fosse uma queimadura, e tinha dois pontos de perfuração. Quando conversamos, relatou-me que estava sentada numa rede fazendo uma criança dormir quando, de repente, o ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou aquilo esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então, deitada na rede, viu que as telhas começaram a ficar avermelhadas, em cor de brasa. Em seguida, ficaram transparentes e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como se as telhas tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as estrelas.

Ufo — Histórias bizarras como essa eram muito comuns durante a Operação Prato?
Hollanda — Muito, e me assustavam bastante, porque nunca tinha ouvido falar dessas coisas. Quando ouvia casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso. Essa gente parecia ser sincera. Por exemplo, através do buraco que a mulher descreveu ela viu uma luz verde brilhando no céu. A senhora então ficou meio dormente, até que, em seguida, um raio vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado esquerdo. E tem mais: exatamente na hora em que estávamos falando disso, uma menina chegou perto e disse: “Olha, aquilo está passando aqui em cima”. Quando saí da casa, vi cruzar a luz que a moça estava apontando, numa velocidade razoável, ainda que o céu estivesse bastante encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo, dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa luz voltou em nossa direção – e satélites não fazem isso! Logo em seguida, aquilo ficou mais estranho ainda. Mesmo assim, não poderia dizer se era uma nave extraterrestre. Aliás, eu não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como sendo disco voador.

Ufo — Vocês utilizavam algum tipo de equipamento de radar que pudesse confirmar ou fazer acompanhamento desses fenômenos?
Hollanda — Não. Todos os aeroportos têm radares fixos. Nós não portávamos nada desse tipo.

Ufo — Os ataques que estavam acontecendo com certa freqüência eram comunicados ao Governo, às autoridades estaduais ou municipais?
Hollanda — Sim, claro. Vários médicos da Secretaria de Saúde do Pará foram enviados pelo Governo para examinar as pessoas. Eles analisavam o lugar queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam mais nada – nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam facilmente. Outras ficavam muito apavoradas. Havia umas que diziam ficar enjoadas, com o corpo dormente por vários dias. Um cidadão uma vez veio me procurar para dizer que próximo à sua casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu para dentro da casa, pegou uma arma e apontou para a luz. Aí veio outra ainda mais forte que fez com que ele caísse. O pobre coitado passou uns 15 dias com problemas de locomoção, mas não houve nada mais sério. Ele não foi atingido por nada sólido, como um tiro, por exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito forte, que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as autoridades federais estavam informadas de que esse tipo de ataque a humanos estava acontecendo na região, mas desconheço provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais nada.

Ufo — Se esses depoimentos foram coletados desde o início da Operação Prato, quando foi que o senhor teve seu primeiro contato frente a frente com objetos voadores não identificados naquela região?
Hollanda — Foi bastante significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baía do Sol, pois havia informações de que lá estavam acontecendo casos. Era um balneário conhecido de Belém, bem próximo a Colares, e como estávamos investigando todo e qualquer indício de ocorrências ufológicas, fixamo-nos no local. Nesse período, os agentes que tinham mais tempo do que eu nessa operação – já que peguei o bonde andando –, questionavam-me o tempo todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido da existência do fenômeno. Como eu ainda estava indeciso, diziam-me: “Mas, capitão, o senhor ainda não acredita?” Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma. Somente luzes, muitas e variadas. E não estava satisfeito ainda.

Ufo — Eles deram início à operação antes e tinham visto mais coisas? Mas e aí, o que aconteceu?
Hollanda — Eles avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu. E me pressionavam: “Como pode você não acreditar?” Um desses agentes era o sub-oficial João Flávio de Freitas Costa, já falecido, que até brincava comigo dizendo que eu era cético enquanto uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça. “Quando isso acontecer e uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero ver”, dizia ele, sempre gozando de meu descrédito. E eu retrucava que era isso mesmo: tinha que ser uma nave grande, bem visível, se não, não levaria em conta. E para que fui dizer isso naquela noite? Acabávamos de fazer essas brincadeiras quando, de repente, algo inesperado aconteceu. Apareceu uma luz, vinda do norte, em nossa direção, e se aproximou. Aí ela se deteve por uns instantes, fez um círculo em torno de onde estávamos e depois foi embora. Era impressionante: a prova cabal que eu não podia mais contestar. Eu pedi e ali estava ela! Foi então que levei uma gozada da turma. “E agora?”, os soldados me perguntaram.

Ufo — Quando foi isso, exatamente?
Hollanda — Em novembro de 1977, no meio da operação. O objeto tinha uma luz que se parecia com solda de metal, como aquelas elétricas. Foi curioso, pois quando era menino ouvia muitas histórias de coisas que a gente não conseguia enxergar por possuírem luminosidade muito forte. E foi o que eu vi, junto à minha equipe: uma luz azul, forte, de brilho intenso. Mas não vi a forma do UFO, só a luz que ele emanava o tempo todo.

Ufo — Vocês conseguiram fotografar esse objeto brilhante e sua emanação de luz?
Hollanda — Fotografávamos tudo o que aparecia, mas levamos um baile durante uns dois meses com as fotos, pois nelas não saía nada. Sempre tínhamos os objetos bem focalizados, preenchendo todo o quadro da máquina, mas quando revelávamos os negativos, nada aparecia. Pensávamos, às vezes, “ah, agora vai sair”. Mas nada. Isso acontecia com freqüência, até que ocorreu um fato inusitado. Eu estava analisando os positivos, muito chateado por não conseguir imprimir as imagens que víamos em nossas missões, quando peguei uma lanterna que usava em operações de selva, e fiz uma experiência. Foi a sorte.

Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda — A lanterna tinha uma luz normal e forte numa extremidade e uma capa vermelha na outra, que servia para sinalização de selva. Era de um material semitransparente de plástico, tipo luz traseira de carro. Tirando-se a tal capa vermelha havia um vidro fosco. Eu olhei para aquilo e me lembrei que os médicos examinam as radiografias num aparelho que tem um quadro opaco com luz por trás [Radioscópio]. Esse equipamento ajuda a fazer contraste de luz e sombra numa chapa de raio-X. Assim, tive a idéia de pegar um filme já revelado e contrapô-lo ao vidro fosco da minha lanterna de selva. Foi então que pude ver um ponto que não conseguia enxergar antes. Eu não estava procurando marca ou objeto algum, e sim uma luz, pois foi isso o que vimos na selva ao batermos as fotos. Só que a tal luz não aparecia, e sim o objeto por trás dela. No caso do rolo que estava analisando, vi um cilindro, que aparecia em todos os demais fotogramas. Ficou claro, então, que não conseguia imprimir a luz do objeto na foto, mas sim a parte sólida dele, talvez por uma questão de comprimento de onda, não sei. Não entendi por que a luz do UFO não impressionava aquele filme, somente a parte sólida. Depois, concluímos que aquele objeto seria uma sonda em forma de cilindro.

Ufo — Vocês fizeram muitas fotografias de UFOs como essas?
Hollanda — E como! Fizemos mais de 500. Eram dezenas de rolos de filmes, uma caixa de papelão cheia deles. Em quase todos os fotogramas havia UFOs ou sondas. E veja você que todos aqueles negativos ficaram na minha frente, por quase dois meses de trabalho, e não conseguimos nada. Não saía luz alguma nas fotos. Aí, depois do que descobri, fomos olhá-los novamente e havia imagens fantásticas. Depois foi só mandar ao laboratório do 1º COMAR para ampliar e ver lindas sondas e UFOs nas fotografias. Dezenas deles!

Ufo — Depois de sua descoberta vocês fizeram novas fotos?
Hollanda — Sim, com a ajuda de um amigo chamado Milton Mendonça, que já faleceu. Ele era cinegrafista da TV Liberal, de Belém, e conhecia muito sobre fotografia. Pedi sua ajuda porque confiava bastante nele e sabia que, participando da operação conosco, não ia comentar nada com ninguém. Assim, informei o fato ao meu comandante, dizendo-lhe que estava com dificuldades no processo técnico fotográfico, e ele autorizou Milton a entrar no esquema. Ele foi conosco em algumas vigílias e sempre nos auxiliava. Até instruiu-nos a usar filmes especiais, com recursos de infravermelho, ultravioleta etc. Pedimos, pois, o material para nossos superiores, em Brasília, e eles mandaram filmes ótimos. Com isso, passamos a ter melhores resultados. Conseguimos fotografar, então, objetos grandes e com formatos que a gente nem imaginava…

Ufo — Quanto à forma, qual era o padrão mais comum que esses objetos apresentavam?
Hollanda — No início da Operação Prato vimos o que todo mundo falava: sondas e luzes piscando. Inclusive, tinha um padre norte-americano, chamado Alfred de La O, também falecido, que nos dava descrições de sondas e objetos nesse formato. Ele era pároco em Colares e falava de uma sonda que tinha visto várias vezes. Segundo Alfred, ela era mais ou menos do tamanho de um tambor de óleo de 200 l. Essa sonda apresentava um vôo irregular, não era uma trajetória segura. Voava como se tivesse balançando, e emitia uma luz. Às vezes andava junto às outras, que iam e vinham de um ponto a outro. Um dia, ela passou por cima de nós.

Ufo — Vocês chegaram a perceber algum tipo de interação entre o que faziam e o comportamento do fenômeno?
Hollanda — Essa pergunta é bastante interessante, pois aquilo era uma coisa muito estranha. Eles, seja lá quem fossem, mostravam ter absoluta certeza de onde nós estávamos e o que fazíamos. Parecia que nos procuravam, pois, quando menos esperávamos, lá estavam, bem em cima da gente. Não mais do que um mês depois de passarmos a conviver nos locais de aparições, essas sondas começaram a vir sempre até nós. Às vezes, a gente se deslocava de um lugar para outro e lá iam elas, acompanhado-nos quase o tempo inteiro, como se tivessem conhecimento da nossa movimentação.

Ufo — Quer dizer então que os objetos voadores não identificados, de alguma forma, pareciam se interessar pelas atividades da Operação Prato?
Hollanda — Bem, pelo menos sabiam o que estávamos fazendo. Por exemplo, no caso da Baía do Sol, aconteceu algo peculiar. Naquela época já estava terminando o ano letivo e muita gente ficava na praia à noite. Tinha pelo menos umas 100 mil pessoas na orla, naquele fim de semana. No entanto, uma sonda veio para cima de nós, num lugar todo escuro onde não havia mais ninguém. Oras, por que veio ao nosso encontro, na escuridão, se tanta gente estava ali perto, na praia?

Ufo — Esse foi o primeiro grande acontecimento ufológico envolvendo o senhor?
Hollanda — Não digo que tenha sido grande, mas foi bastante significativo. Naquela ocasião voltamos para a base do 1º COMAR pela manhã. Foi quando conversei com meu comandante e disse que, pela primeira vez, algo estranho tinha acontecido.

Ufo — O senhor teve alguma reação física desse acontecimento em seu organismo, algum problema resultante dessa observação específica?
Hollanda — Naquele exato momento não, mas depois notei que todos perdemos um pouco da acuidade visual. Com o tempo, minha visão enfraqueceu ainda mais, tanto que passamos a usar óculos. Mas isso ocorreu em razão de outras exposições que também tivemos mais para frente, em outros inúmeros contatos.

Ufo — Coronel, após um caso como esse, pelo que sabemos, vocês faziam um relatório completo, que era integrado à Operação Prato. Mas vocês também se submetiam a algum tipo de exame médico?
Hollanda — Era feito um relatório do acontecimento, com hora, local, coordenadas geográficas, mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas nunca tivemos que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer problema.

Ufo — Quando seu comandante recebeu a notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu? Esses casos ufológicos foram se repetindo? Do que mais o senhor se lembra para nos contar?
Hollanda — Bom, como a Baía do Sol era um local muito favorável para observações de UFOs, passamos a freqüentar a região com bastante regularidade. Tínhamos amigos no Serviço Nacional de Informações (SNI) – que não têm nada a ver com isso – que acompanhavam algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos conhecidos, tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam notícias a respeito em um ou outro jornal local, fazendo com que muita gente em Belém comentasse sobre esses avistamentos. Minha mulher [Do primeiro casamento, já falecida] e meu irmão sabiam das coisas que eu estava fazendo. Mas além desse círculo, ninguém de fora da base do 1º COMAR tinha ciência desses pormenores. Mesmo assim, pedia sempre muita reserva à minha esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam detalhes.

Ufo — A população de Belém sabia que havia uma operação da FAB na região?
Hollanda — Não. Mas sabia que nós éramos da Aeronáutica e estávamos por lá atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam que existia uma operação, só não sabiam do nome nem dos resultados. Outras tinham pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser sargento, mas ninguém conhecia os resultados da missão. Nem bem o que exatamente fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava examinando algo. Só. No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, disse que não teria problema, mas que deveriam pedir autorização ao seu chefe [Na época, o chefe do SNI em Belém era o coronel Filemon]. E o chefe deles autorizou, porém não como uma missão do Serviço de Informação.

Ufo — O Serviço Nacional de Informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico depois?
Hollanda — Não. Os agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe. Eles sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília. E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol, lá pelas 18h00, e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às 20h00, pois tinha um compromisso. Por volta das 18h30 surgiram três pontos luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que eu conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deu 19h00, apareceram mais dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido norte-sul.

Ufo — Qual foi a seqüência com que os fatos se apresentaram?
Hollanda — Bem, o pessoal do SNI não chegava. Tínhamos combinado às 18h00. Ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa vigília. Assim, esperei apenas mais um pouco e começamos a desmontar o material, pois não podíamos mais aguardar. Finalmente, chegaram e perguntaram se tinha acontecido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18h00 e eles só apareceram às 19h00, numa referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: “A que horas passa outro?” Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário. Falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs. Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles disse: “Olha aqui em cima, agora. Olha para o alto”. Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases, porque tinha um negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro, parado a não mais que 150 m de altura, exatamente onde estávamos.

Ufo — Deve ter sido uma experiência fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum movimento?
Hollanda — Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de amarela para âmbar. E fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com o ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era grande, talvez com uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo, até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão, repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.

Ufo — Qual foi a reação que tiveram os membros do SNI presentes aos fatos?
Hollanda — Não foi só o pessoal do SNI, não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha que já estava quase há dois meses nessa operação. Nunca aparecera uma nave dessa forma para gente. Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não dava tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse retirada e montada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora acendia.

Ufo — Parece que estavam dando uma demonstração a vocês, latejando dessa maneira estranha...
Hollanda — É. O UFO fazia isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à mesma intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava lá – só nós e “eles” [Risos].

Ufo — Houve alguma ocasião em que outras equipes de diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?
Hollanda — Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a Operação Prato. Algumas pessoas comentaram sobre a incidência de avistamentos. Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma equipe do jornal O Estado do Pará foi para o lugar onde estávamos acampados e, como sabia que agíamos na área, ficou na espreita. Na outra vez eles se enganaram: foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois estávamos noutro. Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa, porém foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que nunca mais fariam uma missão dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde estavam e focou um raio em cima deles. Pelo que soube, o teto do carro ficou translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as testemunhas sumiram de carro – parece que algumas tiveram acesso de vômito e se descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre esse fato é o Ubiratan Pinon Frias, que era o piloto do Aeroclube de Belém.

Ufo — Com todos esses fatos acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios à sua chefia, em algum momento perguntaram a ela se haveria possibilidade de informar a população sobre as ocorrências da Operação Prato?
Hollanda — Não foi feita essa pergunta porque a gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos acontecimentos. Não seria cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao 1º COMAR. Daí para frente, o destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.

Ufo — O senhor tem idéia do que era feito com todo esse volumoso material?
Hollanda — Os relatórios com desenhos, fotos, croquis etc eram preparados, classificados, passados ao comandante e arquivados no próprio 1º COMAR, numa sala reservada. Depois disso, alguns iam para Brasília, segundo fui informado na época. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões era de ceticismo – alguns colegas até brincavam com os fatos.

Ufo — O senhor teve conhecimento de que a FAB já teria instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI)?
Hollanda — Nessa época, em 1969, eu era tenente na Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos sobre o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as discussões morreram.

Ufo — Em algum momento houve participação de militares norte-americanos pedindo informações ou detalhes sobre o trabalho de vocês na operação?
Hollanda — Que eu saiba, não. Se isso ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me metia nessas coisas e nem podia saber nada a respeito.

Ufo — A incidência desse fenômeno na Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser diária?
Hollanda — Sim, era diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs. Conseguimos determiná-las e classificá-las. Algumas eram sondas, outras naves grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem documentado.

Ufo — Quais eram os equipamentos que vocês usavam para registrar esse movimento?
Hollanda — Tínhamos máquinas fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1000 mm, dessas grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo. Qualquer bobeada, qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOs. Mas eram equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e gravadores, na possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser registrada.

Ufo — Vocês tinham expectativa dessas naves entrarem em contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da operação?
Hollanda — Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade – e não estou fazendo mistério –, podia acontecer qualquer coisa, no mato, na selva, nas praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por obrigação, tínhamos que agüentar tudo. O que quer que ocorresse teria sido no cumprimento do dever.

Ufo — Vocês portavam armas nas missões?
Hollanda — Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, nem mesmo por via das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. Por isso, nem pensamos nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação, sua parte logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.

Ufo — Mas houve algum momento dentro da operação em que o senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser perigoso?
Hollanda — Uma vez, sim. Foi o aparecimento de algo muito forte, tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar uma abdução. Só comentei com algumas pessoas, e uma delas – meu amigo Rafael Sempere Durá [Consultor da Revista Ufo] – chegou a me repreender gravemente por ter me exposto a algo perigoso. “Seu maluco irresponsável. Você tem comandante. Mas sou seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas”, disse, zangadíssimo, quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante a Operação Prato, estávamos numa embarcação ancorada à margem do Rio Jari quando uma coisa enorme parou a não mais que 70 m do barco.

Ufo — Quais as características desse objeto que o senhor relatou?
Hollanda — Para responder a isso, tenho que dizer porque nós estávamos lá. Bem, fomos ao local porque tenho um amigo, que era oficial da FAB na época, o capitão Victor Jamianiaski, descendente de poloneses radicado em Belém, que gostava muito de pescar e freqüentava o local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação, contou-me o caso de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria próxima dali. Essa olaria era de Paulo Keuffer, também de Belém. O rapaz se chamava Luís e me contou um fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia barro, viu uma paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a acompanhou para caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Embarcação de 7 a 9 m com motor de centro], aprontou uma espingarda e voltou ao local, onde armou um acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com lanterna e espingarda preparadas para a chegada do animal.

Ufo — E aí, o que aconteceu?
Hollanda — Bom, quando ouviu um barulho, e pensou que era o animal, passou por Luís uma luz muito forte que logo depois voltou e parou sobre onde estava. Do centro da nave, descrita como sendo similar à cabine de um Boeing 737, abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma humana. Luís disse-me que não teria visto escada de corda, nem de metal, mas que a entidade tinha descido através de um foco de luz, com os braços abertos. Quando o ser estranho se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se escondeu numa árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser chegou com uma luz vermelha – que não era lanterna, mas estava na palma de sua mão –, e examinou a rede deixada na árvore, como também o lugar onde estava e tudo mais, mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser foi direto ao local onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo. Rapidamente, focou um raio de luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para dentro da vegetação.

Ufo — O estranho ser percebeu de alguma forma automática onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa coisa...
Hollanda — Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio, tropeçando em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o ser voltou para a nave e a mesma passou a seguir o rapaz dentro do curso do rio, à baixa velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia. Não teve jeito: gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d'água e ficaram observando a distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível. A nave parou em cima do batelão, o ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez com a rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para longe. Conversei com Luís no 1º COMAR e decidi ir ao local ver a situação. Ao chegarmos lá, eram mais ou menos 19h00 e estava chovendo razoavelmente. Os agentes foram para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe, não entrei. Permaneci em alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia…

Ufo — E aí, o que aconteceu então do lado de fora da olaria?
Hollanda — Olha, veio uma coisa escura, da qual não pude ver a forma. Não sei se era discóide. Sei lá, só se via as luzes daquilo, uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que aquele troço fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de turbina, como se houvesse uma coisa girando. O objeto passou em cima de onde estávamos, mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião. Nenhum piloto faria aquilo, pois estaria morto. Um vôo rasante daqueles já é perigoso demais num dia claro, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei para minha equipe: “Acabei de ver um treco muito estranho aqui”. Então entramos no barco e fomos para o tal lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá, fomos até a árvore onde ele havia caçado a tal paca. Ficamos todos ali embaixo. Mas com a maré enchendo, a gente estava com a água cada vez mais alta...

Ufo — O jeito era subir numa árvore, então, e aguardar os acontecimentos...
Hollanda — Era, pois a maré foi subindo cada vez mais. Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas 10 horas. Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado na outra margem, e guardamos o equipamento. Quando então que, a mais ou menos uns 2000 m, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte, de cor amarela, âmbar como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde ficava a residência do vigia – no local onde eu a tinha visto pela primeira vez.

Ufo — Emitia o mesmo som de ar condicionado ou era alguma vibração mais intensa?
Hollanda — Tinha som, sim. Mas nos concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Que, no entanto, não foi mostrado porque o coronel não o possuía mais] uma tremedeira ou coisa assim, e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida no rio. Isso tudo foi bem filmado.

Ufo — Quando vocês tinham algum documento desse gênero, uma filmagem espetacular como essa, tal material não ia para Brasília?
Hollanda — Ainda não. O filme ficava retido lá no 1º COMAR. Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles acreditavam muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo. Falava-se tanta coisa sobre o assunto, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém em Brasília pudesse dar crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.

Ufo — Voltando à nave que vocês estavam observando, às margens daquele rio, tal experiência deve ter sido extraordinária.
Hollanda — Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura, direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo estava lá, à nossa frente, eu pensava: “Agora mesmo é que não saio daqui. Agora vamos ter que ficar”. Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Não tínhamos levado nada. O que veio a seguir é impressionante.

Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda — Como tínhamos que voltar lá para fazer as anotações necessárias, e não havíamos levado nada, Luís se propôs a ir até sua casa – à beira do rio – para nos trazer café, bolacha e água. Ele saiu com um barquinho em direção a uma ilhota de uns 15 ou 20 m de largura, mas muito comprida. Um garoto de uns 9 anos de idade foi com ele. Eles foram remando e sumiram nessa ilha. Logo que Luís desapareceu ao longe, fiquei em pé em cima do toldo do barco. Enquanto isso, os agentes comentavam sobre o que estava acontecendo, mas como eu era o chefe, não podia me dar ao luxo de ficar conversando. Tinha que ficar alerta. Foi então que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito forte – a mesma luz amarela. Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como aquela claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o fenômeno.

Ufo — Esses agentes estavam equipados com máquinas fotográficas para registrar o episódio?
Hollanda — Sim. Logo que notaram a presença do objeto, prepararam máquina fotográfica, filmadora, tudo. Aquela coisa veio em nossa direção, a uns 200 ou 250 m de altura. Cruzou por cima da gente e quando chegou perto, na margem do rio, apagou-se. Era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, e a gente não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que objeto tinha uma forma estranha de bola de futebol americano, pontuda e grande – de mais ou menos uns 100 m. Um aparelho translúcido, com janelinhas em toda a sua extensão. Porém, não pude perceber se havia alguém lá dentro, apesar de ter passado devagar como se fosse de propósito. A filmadora estava acionada e como emitia um ruído, pedi para que o agente que a estava manejando, um japonês, parasse de filmar, porque eu queria tirar algumas dúvidas e não desejava interferência de sons. Então o cinegrafista parou.

Ufo — Depois que ele desligou a filmadora, foram ouvidos barulhos mais nítidos que identificaram aquele fenômeno?
Hollanda — O cinegrafista perguntou: “Você está ouvindo?” Respondi que sim. Era um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos filmando e fotografando, até que a coisa foi embora, seguindo rumo ao continente. Isso aconteceu entre 11h00 e 11h30, conforme o relatório. Já faz muitos anos, mas recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos sobre aquele troço esquisito. Por volta de 01h00 ou 01h30 a luz voltou, só que não era mais da cor do Sol. Era agora de um azul muito forte e acompanhou a margem oposta do rio. Quando chegou perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava muito baixa, passando sobre as copas das árvores.

Ufo — Essa foi a situação mais complicada? O avistamento mais extraordinário dentro da Operação Prato?
Hollanda — Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém, depois voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha uma luz lá em cima e que ela havia penetrado a mata.

Ufo — Vocês chegaram a fazer cálculos da distância em que o UFO permaneceu?
Hollanda — Como ele estava à nossa frente, fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório. Sua distância era de uns 70 m. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardesse a vista. Não havia nada, apenas aquela luminosidade forte. Um troço incrível. Ficamos parados a observá-lo. Então fiquei com medo, porque estava muito próximo, do outro lado do rio, ou seja, à mesma distância de uma trave à outra num campo de futebol. Aquele objeto ficou parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em silêncio. De repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por trás dela.

Ufo — E o que era, coronel? Algum objeto diferente?
Hollanda — Era novamente a bola de futebol americano em pé, a uns 100 m de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só que com o interior apagado. Sei lá, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: “E agora? E se esses caras vierem e carregarem a gente, como é que fica?” Tudo era novidade para nós e ninguém sabia o que poderia acontecer dali para frente.

Ufo — Coronel, o senhor está a par do fato de que esse tipo de ocorrência na Amazônia não é uma coisa comum em outros lugares do mundo? Na sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em aparecer nas regiões Norte e Nordeste, principalmente na Amazônia?
Hollanda — Não, não sabia que casos como esse eram raros. No meu ponto de vista, o qual expus a alguns amigos, passei a me interessar muito mais pelo assunto depois que terminei meu trabalho na Aeronáutica. Para mim, Ufologia é um assunto muito sério. Descartava muita coisa acerca de avistamentos ufológicos, por nunca ter visto nada que pudesse me dar certeza. Depois que vi uma nave, quis entender o fenômeno, e como oficial de operações de selva quis tirar minhas próprias conclusões. Mas não podia colocá-las no relatório, porque eram pessoais, resultados de um estudo aprofundado... Tivemos muito contato com tribos indígenas, por isso, preocupávamos-nos em não transmitir a eles doença de espécie alguma, pois os índios não tinham anticorpos, ao contrário de nós. Podíamos passar gripe, sarampo, difteria, tuberculose, enfim...

Ufo — Seria uma tragédia?
Hollanda — Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem defesas, e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão, involuntariamente, tivéssemos transmitido doenças aos índios. Felizmente nunca houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa maneira. Concluí outra coisa a respeito de por que aqueles seres estariam fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco, direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como? Sabendo o que cada um possui dentro de seu próprio organismo que possa danificar o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los num contato futuro necessário, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não sei ao certo o que essa luz com alta energia podia fazer, ou se transportava partículas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não compreendo o tal processo de clonagem. Na época, não pensei em nada disso, a não ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los num possível contato próximo.

Ufo — A população ribeirinha imaginava que a intervenção deles seria uma agressão? Ela chegou a se armar para se defender desse tipo de fenômeno?
Hollanda — Claro, eles imaginavam estar sendo atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou morcego. Os populares pensavam que eram coisas que vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam formas estranhas e luzes antes de mim. As naves também, pois demorou muito para eu observá-las.

Ufo — A população ribeirinha dessas regiões andava armada?
Hollanda — Sim, a população que vivia às margens do rio usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça. Foi relatado na Operação Prato que eles portavam armas. Alguns até atiravam, e eu só dizia para não fazerem isso. O próprio padre falava que não havia motivo para tanto: “Vocês nunca vão fazer nada. Quem tentar lhes apontar uma arma ficará 15 dias dormente, imobilizado na rede”.

Ufo — Coronel, essa experiência que o senhor acabou de descrever teve alguma influência em sua vida, em sua forma de ver o mundo? Isso aconteceu no final da Operação Prato?
Hollanda — A Operação Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato foi passado ao meu comandante, dizendo tudo a respeito de como foi a coisa. Posteriormente, o filme foi revelado e assistido no auditório do Quartel General por vários oficiais.

Ufo — Quais foram as conclusões a que o senhor chegou, a esse respeito?
Hollanda — Não havia dúvidas. Não tínhamos visto a forma do objeto na hora em que se deu o avistamento. Só fomos ver depois da impressão fotográfica. A coisa tinha no alto uma porta aberta, como a de um Boeing. Não havia ser algum dentro do objeto, na fotografia também não aparecia nada, exceto um feixe de luz em direção ao barco onde estávamos. Dessa abertura parecia que alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão forte que nos impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul enorme.

Ufo — Com uma declaração desse nível, uma coisa extraordinária como essa, por que o 1º COMAR desativou a Operação Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?
Hollanda — Olha, talvez tenha sido por causa da especulação da população. São perguntas que não podem ser respondidas. Quem são, por exemplo, ninguém sabe. Talvez quem esteja mais avançado sejam os norte-americanos, os russos. De onde vêm? Não há resposta. O que eles querem? Também não sabemos. São as três questões feitas e que ninguém pode responder – o que desmoraliza a Força Aérea e o Governo brasileiro.

Ufo — Mesmo assim, não compensaria à Força Aérea manter o projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que fechá-lo?
Hollanda — Se eu fosse o comandante, continuaria. Mas eu só obedecia ordens, e a ordem era parar. E assim foi cancelada a operação, quer estivéssemos satisfeitos, quer não.

Ufo — O senhor acatou e bateu continência, simplesmente? Sem maiores reações?
Hollanda — Sim, pois já tinha acabado. A conclusão sobre a coleta de material para fazer antídoto, vacina, solução sorológica que inibisse qualquer incidência de moléstia no corpo desses alienígenas, a partir do sangue ou do material colhido do corpo humano, foi exposta quando visitei Rafael Durá, em São Paulo. Depois de uma longa conversa, mostrei minha opinião. Ele disse que era a mais lógica que ouviu a respeito do chupa-chupa, porque o que se ouvia era falar em agressão, e eu discordava: “Não foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de material, como alega Jacques Vallée”. Durá me agradeceu, dizendo: “Foi a explicação mais lógica que eu ouvi até agora”.

Ufo — Depois que a operação foi encerrada, o material que vocês coletaram permaneceu em Belém ou foi para Brasília?
Hollanda — Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se numa noite o fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo que eu escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar de louco, pois eles não estavam lá para presenciar.

Ufo — Mesmo depois do encerramento da Operação Prato o senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas vigílias? Teve alguma outra experiência interessante?
Hollanda — Bem, eu nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para vocês, Gevaerd e Petit, em altíssima confiança, por sua seriedade. Também porque já estou com 60 anos de idade, daqui a pouco faço 70... Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes. Eu estava em casa, tinha acabado de receber uns livros que solicitei a Bob Pratt – que me visitou logo no início da Operação Prato –, quando algo aconteceu. Foi uma coisa surpreendente, que quero relatar com calma.

Ufo — O que exatamente Bob Pratt queria com o senhor?
Hollanda — Conversar. Ele queria saber sobre o que tinha havido, porque ele esteve na Ilha dos Caranguejos [Onde aconteceu um grave caso, meses antes] e eu não sabia da existência desse local nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar a área. Outros ufólogos também me procuraram na época, entre eles o doutor Max Berezowski, o general Uchôa, um ufólogo argentino cujo nome não recordo, Jacques Vallée e Reginaldo de Athayde [Co-editor da Revista Ufo] . Nunca mais mantive contato com Berezowski, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, porque minha mulher não concordou em hospedá-lo em casa. Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um livro de presente.

Ufo — O senhor estava autorizado a declarar alguma coisa a esses ufólogos naquela época?
Hollanda — Eu conversava com eles sobre o assunto – eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi que respeitassem minha posição, pois não podia divulgar informação alguma, o que compreenderam perfeitamente bem. Continuaram trocando correspondências comigo. Eu era freqüentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufólogos internacionais, da Espanha, Estados Unidos etc.

Ufo — Eles mandavam casos para o senhor analisar e emitir um parecer?
Hollanda — Através de Rafael Durá, de Osni Schwarz [Nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência ao receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me aprofundar mais em Ufologia, humanóides, aparecimentos, abduções, outras coisas, e assim pude me munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais nada com a Força Aérea, mas continuava interessado no assunto. Sempre empilhava meus livros sobre uma estante. Um dia, estava deitado, lendo uma obra que não tinha nada a ver com Ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia uma revistinha de criança. De repente, os livros se deslocaram como se tivessem sido pegos e a pilha inteira caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar, bem distante da rodovia, onde não havia trepidação de carro que justificasse a causa de tal circunstância.

Ufo — Eles estavam empilhados na vertical, um sobre o outro?
Hollanda — Quando eles bateram no chão, claro que a pilha desmontou, mas os livros não se espalharam. Eles vieram empilhados até o chão. Minha filha Daniela assustou-se e perguntou: “Pai, que engraçado... Como é que os livros caíram?” Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de baixo, preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu. A bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por toda a cozinha, e então caiu, sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de louça que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão, brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e falei: “Vocês estão querendo que eu leia”. Então abri um livro numa página qualquer. Logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças. Pelo barulho pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.

Ufo — E o que sua esposa achou disso tudo, coronel?
Hollanda — Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo, minha esposa vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria sozinha diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia acontecido: “Não sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia”. Eu não entendi muito bem a história. Levei, então, um copo d'água para ela.

Ufo — E os fenômenos ficaram por isso mesmo, sem mais nem menos?
Hollanda — Dois ou três dias depois, eu estava dormindo por volta da meia-noite, quando um novo fato aconteceu. Estava numa espécie de desligamento, mentalização, deitado junto à minha mulher. De repente, adentrou meu quarto um clarão muito forte, seguido por um estalido, iluminando tudo. Assustei-me ao ver um troço tão estranho. Imediatamente, apareceu um ser atrás de mim, abraçando-me. Achei a situação meio esquisita. Além disso, tinha outro ser na minha cabeceira, que media 1,5 m de altura e estava vestido com uma roupa semelhante à de astronauta ou de mergulho.

Ufo — Colante ou neoprene? Aquele material usado em roupas de surfistas?
Hollanda — Era muito fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha uma máscara parecida com a de mergulho, e o olho não dava para detalhar. Eu estava muito assustado por causa daquele “bicho” que me abraçava e apertava por trás, sussurrando em meu ouvido em português: “Calma, não vamos te fazer mal”. Tinha uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.

Ufo — E sua esposa, como reagiu?
Hollanda — Continuou dormindo, sem saber da presença do “baixinho” que estava em minha cabeceira, apertando-me na cama. Não gostei da sensação e da atitude dele. Logo em seguida, outro estalido, e o clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.

Ufo — Houve lapso de tempo?
Hollanda — Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho. Mas o troço era muito esquisito e eu ouvi os dois estalidos. Não me recordo se fui beber água. Acho que desci para tomar alguma coisa, whisky, sei lá.

Ufo — Esse fenômeno voltou a acontecer com o senhor nos dias seguintes?
Hollanda — No outro dia, fui para o quartel hastear a bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher sempre fechava o portão da garagem quando eu saía para trabalhar, por causa dos cachorros e das crianças. Eu tinha um Alfa Romeo azul-marinho naquela época. Quando meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado abriu-se sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha mulher ficou assustada. Eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham acontecendo. Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação: “Você não vai andar muito. A viagem é curta”.

Ufo — O senhor sentiu alguma coisa, talvez uma dor de cabeça ou algo assim?
Hollanda — Aí eu me sentei no carro, e quando estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa assustou-se ainda mais. Fui embora, seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a bandeira, meu braço esquerdo começou a coçar muito. Eu já estava doido para que a cerimônia acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando olhei para meu braço, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Até o dia em que o entrevistamos, em seu braço havia a mesma marca avermelhada].

Ufo — O senhor acha que isso tudo foi conseqüência do quê?
Hollanda — Calma, já chego lá. Meu braço continuou coçando. Por curiosidade, num certo dia, apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu um troço, como se fosse um pedacinho de plástico. No raio-X não apareceu nada. Mas aperte aqui e sinta. [Ao apertar o local, pudemos sentir alguma coisa pontuda, que mais parecia uma agulha].

Ufo — Algum outro componente de sua equipe apresentou qualquer tipo de marca pelo corpo?
Hollanda — Sim, o Flávio. Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também possuía a mesma marca na perna esquerda, numa das coxas. Ele acabou falecendo por causa de derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com um médico, amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o hospital para fazer exames. Numa das vezes que fui a São Paulo e conversei com Rafael Sempere Durá, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar uma olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.

Ufo — Essa é, sem dúvidas, uma evidência física sem precedentes...
Hollanda — Os ponteiros da bússola ficaram alterados. Se através de um exame radiológico não se pôde ver absolutamente nada, comentei com Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me aconselhou que não o fizesse.

Ufo — Mudando de assunto, o senhor tem conhecimento de que o Governo brasileiro continua fazendo pesquisas ufológicas, seja na Amazônia ou em outro lugar?
Hollanda — Pesquisa com determinação, com base em um programa, acredito que não. Pelo menos não tenho qualquer informação a esse respeito. Primeiro, porque estou fora, na reserva. Tenho muito pouco contato com o Ministério da Aeronáutica. Possuo amigos lá, mas nunca ouvi falar que o órgão tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou eventualidade.

Ufo — O senhor acredita que deveria haver um programa de pesquisas ufológicas mantido pelo Governo brasileiro?
Hollanda — Na minha opinião, sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para crer nisso, mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.

Ufo — O que o senhor imagina que foi feito dos documentos e fotografias resultantes dos três meses da Operação Prato?
Hollanda — Creio que tenham sido arquivados, pois não foi dado muito valor a eles. Não tive conhecimento de qualquer repercussão no Ministério da Aeronáutica. Quanto às fotografias, não foram enviadas as 500 para eles. Seguiram apenas as que constavam no relatório e alguns negativos. A maioria delas ficou conosco, guardada nos arquivos do 1º COMAR, e ninguém mais conseguiu obter informação a respeito. A seção à qual eu pertencia é onde se encontram arquivados os quatro filmes batidos e as fitas de vídeo. Na época, o Ministério da Aeronáutica iria ficar com apenas um rolo, mas confiscou inclusive os outros três que pertenciam a mim, que foram comprados com meu dinheiro e, assim mesmo, a Aeronáutica nunca os devolveu.

Ufo — Nunca pensou em guardar um souvenir desse material?
Hollanda — Não. Veja bem: já falei que adoro a FAB, ainda mais quando estava lá dentro. Hoje, eu fico de fora, vendo como é que meus companheiros estão se virando, o que estão fazendo para que ela prospere e engrandeça. Sempre tive um respeito muito grande pela Força Aérea e pelo meu serviço. Eu nunca faria isso com ela. Fiquei calado por 20 anos. Durante esse período, fui consultado várias vezes para que escrevesse ou prestasse alguma declaração.

Ufo — Coronel, o senhor se recorda que publicamos umas fotografias nos anos 80 sem sua autorização? Isso trouxe algum problema para o senhor?
Hollanda — Trouxe sim, muitos embaraços. Eu fui mandado a Brasília para investigar por que aquilo tinha sido vazado, como aquela história tinha se tornado pública. Como o carimbo da Aeronáutica estava exposto, já que naquela época eu era o chefe dessa operação, como é que aquilo saiu? Ninguém foi punido por isso, pois a verdade sobre como as coisas vieram à tona nunca foi descoberta.

Ufo — O senhor acredita que a publicação dessa matéria na Revista UFO, na íntegra, pode causar mais embaraço?
Hollanda — Hoje não. Minha missão foi cumprida. Minha carreira se esgotou após 36 anos de trabalho. Quanto à liberação dos documentos para o público, isso já é decisão do comando. Se liberarem, irão surgir muitas indagações que o Ministério da Aeronáutica e Governo não estão aptos a responder. Para evitar constrangimentos, não se fala nada. Uma vez eu estava assistindo a um programa do apresentador Flávio Cavalcanti. Num interrogatório sobre esse assunto, um cara perguntou por que os UFOs não pousam no Maracanã para todo mundo ver? Se acontecer um caso desses, um pouso na Esplanada do Planalto, por exemplo, aí não tem jeito. Acredito que num futuro próximo “eles” possam ser até um pouco mais abusados. Do jeito que está, em menos de um ou dois anos, acontecerá um contato claro, aberto para toda a população, que será transmitido pelas televisões do mundo.

0 comentários: